Napoleon Hill, um famoso escritor
americano, autor do best-seller “Quem Pensa Enriquece”, tem uma história muito
interessante sobre deficiência para contar. Seu filho nasceu surdo e sem
orelhas. Anos antes do seu filho nascer, ele tinha escrito a frase: “As únicas limitações são aquelas que estabelecemos em nossa mente.” Então, foi posto à prova, e teve
que enfrentar de frente e com muita luta para descobrir que, a frase que criou é realmente verdadeira.
Foi assim que ele decidiu que seu
filho iria ouvir e falar!
E a batalha começou, com aquele
bebezinho lindo e surdo no colo, ele contava histórias para dormir. Como assim
contava histórias!!! É isso mesmo, ele
contava história para um garotinho surdo e sem orelhas!
Isso chama-se fé! Chama-se também
certeza, certeza que não há limitação, as limitações que existem são apenas
aquelas que estabelecemos em nossa mente.
É um pouco longo, mas vale a pena
ler esta parte do capítulo do livro na íntegra. Acredito que após a leitura, você começará a ver oportunidades em
todas as coisas que você recebe da vida, inclusive deficiências.
Detalhe importante: Este livro foi escrito no ano de 1936 e publicado pela primeira vez em
março de 1937 – o que quero dizer é que, na
época não haviam os recursos que temos hoje para os deficientes auditivos –
e mesmo assim ele acreditou!
Livro: QUEM PENSA ENRIQUECE
Capítulo 1: DESEJO
Parte: O DESEJO SUPERA A MÃE
NATUREZA
Para encerrar adequadamente este capítulo, quero apresentar
uma das pessoas mais incomuns que conheci. Eu o vi pela primeira vez há vinte e
quatro anos, poucos minutos após seu nascimento. Ele veio ao mundo sem qualquer
vestígio físico de orelhas, e o médico admitiu, quando pressionado a opinar,
que a criança provavelmente jamais conseguiria ouvir nem falar.
Desafiei a opinião do médico. Tinha o direito de fazê-lo,
pois era o pai do bebê. Naquele momento, tomei a decisão que, no entanto,
revelei apenas ao meu coração. Decidi que meu filho ia ouvir e falar. A
natureza podia mandar-me uma criança sem orelhas, mas não podia obrigar-me a
aceitar a realidade daquela situação. Em minha mente, sabia que meu filho iria
ouvir e falar. Como? Tinha a certeza de haver um caminho que, de um jeito ou de
outro, eu encontraria.
Pensei nas palavras do imortal Emerson: “O curso de todas as
coisas nos ensina a fé. Só precisamos aprender. Existe um guia para cada um de
nós e, ouvindo humildemente, reconheceremos a palavra certa.”
A palavra certa? Desejo! Mais do que qualquer outra coisa, eu
desejava que meu filho não fosse um surdo-mudo. E nunca abri desse desejo, nem
por um segundo.
Muitos anos antes, eu havia escrito: “As únicas limitações são aquelas que estabelecemos em nossa mente.” Pela
primeira vez, me perguntava se aquela seria uma afirmação verdadeira. Deitado
na cama, diante de mim, estava um recém-nascido sem os recursos naturais
necessários à audição. Ainda que pudesse ouvir e falar, algo lhe faltaria para
sempre. Certamente, não se tratava de uma limitação que ele tivesse imposto a
si próprio.
O que eu poderia fazer a respeito? De alguma forma,
encontraria um jeito de transplantar para a mente daquela criança o meu desejo
ardente, de tal modo que o som chegaria a seu cérebro sem a ajuda de ouvidos.
Tal logo a criança fosse crescida o bastante para cooperar,
eu encheria sua mente com o desejo ardente de ouvir, para que a natureza, por
seus próprios métodos, transformasse isso em realidade física.
Guardei os pensamentos para mim, sem fazer comentários. Todos
os dias, renovava minha promessa: meu filho não seria surdo-mudo.
A medida que o menino crescia e começava a notar as coisas ao
seu redor, tivemos a impressão de que conseguia ouvir nitidamente. Quando
atingiu a idade em que as crianças usualmente começam a falar, ele não o fez,
mas suas atitudes demonstravam que estávamos certo: ele percebia alguns sons.
Era tudo o que eu precisava saber! Estava convicto de que, se podia ouvir,
embora pouco, meu filho conseguiria desenvolver a audição. Então, algo
aconteceu que me encheu de esperanças, vindo de um lugar inteiramente
inesperado.
Compramos um toca discos. Quando ouviu música pela primeira
vez,o menino entrou em êxtase e logo se apropriou do aparelho. Em pouco tempo,
havia desenvolvido uma preferência por algumas músicas, entre elas, It’s a long
way to Tipperary. Certa vez, fez tocar o disco por quase duas horas, em que
ficou de pé diante do aparelho, com os dentes cravados na beira da caixa de
som. Só alguns anos mais tarde compreendemos o significado desse hábito desenvolvido
por ele, porque na época ainda não tínhamos ouvido falar do princípio da
“condução óssea” do som.
Pouco tempo depois de meu filho ter se apropriado do
toca-discos, descobri que ele me ouvia com razoável clareza quando eu falava
com os meu lábios tocando o seu osso mastóide, ou na direção da base de seu
cérebro. Essas descobertas me deram os meios necessários para que eu começasse
a realizar o desejo de ajudar meu filho a desenvolver a audição e a fala. Nessa
época ele arriscava falar certas palavras. A perspectiva estava longe de ser
animadora, mas o desejo apoiado pela fé
não conhece a palavra “impossível”.
Certo de que ele podia ouvir com clareza o som da minha voz,
comecei imediatamente a transferir para
sua mente o desejo de ouvir e falar. Logo descobri que o menino gostava que eu
lhe contasse histórias na hora de dormir, assim, pus mãos à obra, criando
histórias destinadas a desenvolver nele a autoconfiança, a imaginação e um
intenso desejo de ouvir e ser normal.
Havia especialmente uma história que eu enfatizava, dando-lhe
novas e dramáticas cores a cada vez que a contava. Com isso tentava plantar na mente da criança o pensamento de que sua
deficiência não era uma desvantagem, mas um recurso de grande valor. Apesar
de todas as filosofias que eu havia estudado indicarem claramente que cada
adversidade traz consigo a semente de uma vantagem equivalente, preciso
confessar que não fazia a menor idéia de como tal deficiência poderia tornar-se
um fator positivo. No entanto, continuei minha prática de integrar essa
filosofia às histórias da hora de dormir, esperando que um dia ele mesmo
encontrasse um meio de tirar proveito da sua deficiência.
A razão me dizia francamente que não havia compensação
adequada para a falta de ouvidos e do aparelho natural de audição. Mas o desejo apoiado na fé, superou a razão e
inspirou-me a continuar.
Analisando a experiência, posso ver agora que a fé depositada
em mim pelo meu filho teve muito a ver com o impressionante resultado. Ele
jamais questionou o que eu lhe dizia. Eu o convenci que possuía uma nítida
vantagem sobre os irmãos mais velhos, vantagem esta que se manifestaria de
diversas maneiras. Os professores por exemplo, observando que ele não tinha
orelhas, lhe dariam especial atenção e o tratariam com extraordinária
gentileza. E foi o que aconteceu. A mãe dele trato disso, visitando os
professores e solicitando mais cuidado com aquele aluno. Também o convenci que
quando tivesse idade para vender jornais, ele teria uma grande vantagem sobre
os irmãos – então vendedores de jornais -, já que as pessoas lhe pagariam mais,
ao ver que a falta de orelhas não o impedia de ser um garoto inteligente e
esforçado.
Notamos que gradualmente, a audição do menino melhorava. Além
do mais, a deficiência não fizera dele um tímido. Mais ou menos aos 7 anos, ele
nos deu a primeira prova de que a estratégia de trabalhar sua mente começava a
dar frutos: insistia em vender jornais, mas a mãe não concordava, achava
perigoso deixá-lo sair à rua sozinho.
Ele, então, decidiu resolver a questão. Uma tarde em que
ficou em casa com os empregados, pulou a janela da cozinha, alcançando o
quintal, e foi à luta. Pediu 6 centavos emprestados ao sapateiro da vizinhança,
comprou jornais, vendeu-os, reinvestiu o dinheiro e, durante a tarde inteira,
repetiu a operação. Após fazer as contas e pagar ao “banqueiro” o dinheiro que
havia tomado emprestado, teve um lucro líquido de 42 centavos. Quando chegamos
em casa naquela noite, nós o encontramos dormindo em sua cama, com o dinheiro
bem apertado na mão.
Então a mãe abriu-lhe a mão, pegou as moedas e chorou. Chorar
pela primeira vitória do filho parecia tão inadequado! Minha reação foi
inversa. Ri alegremente, porque soube que o esforço para plantar na mente
daquele menino uma atitude de autoconfiança fora bem sucedido.
Sua mãe viu um pequeno menino surdo que, em seu primeiro
empreendimento, tinha ido para as ruas sozinho e arriscado a vida para ganhar
dinheiro. Eu vi um pequeno negociante corajoso, empreendedor, ambicioso e
autoconfiante, cuja fé em si mesmo havia subido 100%, já que entrara no mundo
dos negócios por conta própria e vencera. O resultado me agradou, porque
percebi nele aptidões que o acompanhariam pela vida afora. O futuro confirmaria
isso. Quando o seu irmão mais velho queria alguma coisa, deitava-se no chão,
esperneava, chorava – e conseguia. Quando o “pequeno menino surdo” queria
alguma coisa, planejava um meio para ganhar dinheiro e comprava o objeto
desejado com recursos próprios. E ele ainda faz isso!
Na verdade meu filho me ensinou que deficiências podem ser
aceitas como obstáculos e usadas como desculpas, ou consideradas degraus a
serem galgados rumo a uma meta estabelecida.
O menino surdo cursou o ensino fundamental, o ensino médio e
a faculdade sem ouvir os professores, a menos que falassem perto dele e bem
alto. Nunca frequentou escolas
especiais. Não permitimos que ele aprendesse a linguagem dos sinais.
Estávamos determinados a fazê-lo levar uma vida normal, com
outras crianças, e mantivemos essa decisão, embora nos tenha custado acalorados
debates com a diretoria das escolas.
Quando cursava o ensino médio, tentou usar um aparelho
elétrico para surdez. Não deu certo, pois meu filho havia nascido sem qualquer
vestígio do sistema auditivo natural. Tal condição foi descoberto pelo dr. J.
Gordon Wilson, de Chicago, durante uma cirurgia na cabeça a que o menino se
submeteu aos seis anos.
Na última semana de aulas na faculdade, (dezesseis anos
depois da operação), aconteceu um fato que marcou definitivamente sua vida. Pelo
que parecia puro acaso, ele recebeu outro aparelho elétrico para surdez, ainda
em teste. Tendo em vista o desapontamento anterior, hesitou em aceitar.
Finalmente sem muito interesse, pegou o aparelho, colocou-o no ouvido, ligou a
bateria e pronto! Como num passe de
mágica, seu constante desejo de ouvir normalmente tornou-se realidade. Pela
primeira vez na vida, ele ouvia praticamente tão bem quanto qualquer um. “Deus operou misteriosamente as suas
maravilhas.”
Deslumbrado pelo mundo diferente que o novo aparelho lhe
apresentou, ele correu ao telefone, ligou para a mãe e ouviu perfeitamente a
voz dela! No dia seguinte ouvia claramente as vozes dos professores, pela
primeira vez na vida, sem que precisassem gritar ou chegar perto! Ouviu o
rádio. Ouviu o cinema falado. Afinal, podia conversar livremente com outras
pessoas sem que tivessem necessidade de falar alto. Tinha entrado em um mundo
diferente. Com nosso desejo persistente, havíamos nos recusado a aceitar o
engano da natureza e a induzimos a corrigir-se, por intermédio dos meios
práticos disponíveis.
O desejo tinha começado a pagar dividendos, mas a história
não estava completa. O rapaz ainda teria que encontrar um meio prático e
definido para converter sua deficiência em uma vantagem equivalente.
Talvez sem entender plenamente o significado do que havia
conseguido, mas entusiasmado com a descoberta do novo mundo dos sons, ele
escreveu uma carta para o fabricante do aparelho, descrevendo em detalhes sua
experiência. Alguma coisa na carta, algo
que talvez não estivesse escrito as linhas, mas entre elas, fez que a companhia
o convidasse a ir à Nova York. Chegando lá foi levado a conhecer a fábrica,
e enquanto contava ao engenheiro chefe sobre a mudança operada em seu mundo,
uma intuição, uma ideia ou inspiração – chame como quiser – surgiu em sua
mente. Foi esse impulso de pensamento que converteu sua deficiência em vantagem
destinada a pagar dividendos em forma de dinheiro e felicidade a milhares de
pessoas por muito tempo.
O ponto central daquele impulso de pensamento era o seguinte:
ocorreu-lhe que ele poderia ajudar milhões de pessoas surdas que atravessam a
vida sem o benefício de um aparelho de surdez, caso pudesse achar um meio de
contar a sua história.
Naquele exato momento decidiu devotar o resto da sua vida a
ajudar deficientes auditivos.
Durante um mês, ele pesquisou intensamente analisando todo o
sistema de marketing da fábrica de aparelhos de surdez, e criou meios de
comunicar-se com os deficientes auditivos do mundo inteiro, de modo a partilhar
com eles seu “mundo diferente”, recentemente descoberto. Ele elaborou um
planejamento de dois anos, baseado em suas conclusões. Quando apresentou o
plano à companhia, foi imediatamente oferecido um cargo, para que conseguisse
levar o plano adiante.
Ao começar o trabalho, nem sonhava estar destinado a levar
esperança e alívio a milhares de deficientes auditivos que, sem sua ajuda,
estariam condenados para sempre ao silêncio.
Pouco depois de tornar-se sócio do fabricante, ele me
convidou a uma aula oferecida pela empresa, para ensinar deficientes auditivos
a ouvir e falar. Apesar de desconhecer o método, fui à aula. Eu me sentia um
tanto cético, porém tinha esperanças de não estar perdendo tempo. O que vi me
levou a entender melhor o que u havia feito para despertar e manter vivo na
mente do meu filho o desejo de ouvir normalmente. Vi deficientes aprendendo a
ouvir e a falar por meio do mesmo princípio que eu usara, mais de vinte anos
antes, para livrar meu filho do silêncio.
Assim, por uma estranha volta da roda do destino, Blair e eu
estávamos destinados a auxiliar aqueles que ainda nem haviam nascido, por
sermos os dois únicos seres humanos que eu saiba, a estabelecer definitivamente
o fato de que uma deficiência poderia ser corrigida a ponto de permitir uma
vida normal. Se havia sido possível para um, seria possível para outros.
Não tenho dúvidas de que Blair teria sido um surdo-mudo por
toda a vida se sua mãe e eu não tivéssemos moldado sua mente como fizemos. O
próprio médico que fez o parto disse, confidencialmente, que a criança poderia
nunca ouvir e falar. Há pouco tempo, o dr. Irving Voorhees, um notável
especialista em casos semelhantes, examinou Blair muito cuidadosamente. Ficou
espantado ao verificar como meu filho ouve e fala bem, pois segundo ele o exame
indica que “teoricamente, o rapaz não seria capaz de ouvir de forma alguma”.
Mas ele ouve, apesar de os raios X demonstrarem que não existe qualquer
abertura no crânio que permita a ligação entre som e cérebro.
Quando implantei na mente do meu filho o desejo de ouvir,
falar e viver como uma pessoa comum, esse impulso foi acompanhado de uma
estranha influência que fez a natureza construir uma ponte sobre o abismo do
silêncio, ligando o cérebro ao mundo exterior por meios que nem os mais
capacitados especialistas foram capazes de interpretar. Seria sacrilégio conjeturar
a respeito desse milagre da natureza e imperdoável deixar de contar ao mundo
tudo o que sei sobre a humilde parte que me cabe nessa estranha experiência. É
meu deve e um privilégio dizer que acredito, e não sem motivos, que nada é impossível àquele que apoia seu
desejo numa fé inabalável.
Na verdade um desejo ardente possui meios estranhos de se
transformar em seu equivalente material. Blair desejou ouvir normalmente; e
conseguiu! Nasceu com uma deficiência que poderia facilmente levar alguém com um
desejo menos definido às ruas com uma canequinha na mão. No entanto, o que
seria uma desvantagem serviu de meio para a prestação de um serviço a milhares
de deficientes auditivos, além de garantir-lhe um emprego útil e uma
remuneração adequada para o resto da vida.
As “mentirinhas brancas” que coloquei em sua mente quando ele
era criança, levando-o a acreditar que sua deficiência se tornaria uma
vantagem, foram justificadas. Na verdade, não há nada certo ou errado, que a
crença e o desejo ardente, juntos, não possam realizar. Eles estão aí, à
disposição de todos.
Em toda a minha experiência no trato com homens e mulheres
com problemas pessoais, jamais encontrei um caso que demonstrasse mais
significativamente o poder do desejo.
As vezes, autores cometem o erro de escrever sobre assuntos a
respeito dos quais não possuem apenas um conhecimento elementar ou superficial.
Tive a sorte e o privilégio de usar a deficiência do meu filho para testar a
eficácia do poder do desejo. Talvez tenha
sido providencial o que aconteceu, pois certamente ninguém está mais preparado
do que ele para servir de exemplo do poder do desejo posto à prova. Se até mãe natureza vergou-se diante da força do
desejo, parece-lhe lógico que seres simplesmente humanos possam derrotar um
desejo ardente.
O poder da mente humana é estranho e imponderável! Não
entendemos o método pelo qual a mente utiliza cada circunstância, cada
indivíduo, cada objeto a seu alcance, como meio de transformar o desejo em sua
contrapartida física. Quem sabe, um dia, a ciência descubra esse segredo.
Plantei na mente do meu filho o desejo de ouvir e falar, como
uma pessoa comum ouve e fala. Esse desejo tornou-se realidade. Plantei em sua
mente o desejo de converter sua maior deficiência em sua maior vantagem. Esse
desejo foi realizado. O modus operandi pelo
qual um resultado espantoso foi alcançado não é difícil de descrever. São três fatos bem definidos: primeiro,
misturei a fé com o desejo de ouvir normalmente e passei isso para o meu filho;
segundo, comuniquei-lhe o meu desejo de todas as formas possíveis e
imagináveis, em um esforço contínuo e persistente, durante vários anos;
terceiro, ele acreditou em mim!
Quando eu terminava este capítulo chegou-me a notícia da
morte de madame Shuman-Heink. Um parágrafo curto no texto da notícia apontava o
estupendo sucesso como cantora dessa mulher especial. Transcrevi o parágrafo,
porque nele se vê que ela chegou ao sucesso exatamente pelo desejo.
No início da carreira, madame Shuman-Heink visitou o diretor
da Vienna Court Opera para que lhe testasse a voz. Mas o teste não aconteceu.
Depois de um rápido olhar na jovem sem graça e pobremente vestida, o diretor
exclamou de modo nada gentil:
- Com essa cara e nenhuma personalidade, como pode esperar
ser bem-sucedida em ópera? Minha jovem, desista da ideia. Compre uma máquina de
costura e vá trabalhar. Você nunca será uma cantora.
“Nunca” é tempo demais! O diretor da Vienna Court Opera
entendia muito da técnica do canto, mas sabia pouco sobre esse poder do desejo
quando ele se torna ideia fixa. Se soubesse mais sobre esse poder, não teria
cometido o engano de condenar um gênio sem dar-lhe uma oportunidade.
Há alguns anos, um dos meus sócios ficou doente. Como piorava
a cada dia foi encaminhado a um hospital para ser operado. Quando ia ser levado
para a sala de cirurgia, olhei-o e pensei: “Como alguém tão magro e abatido
como ele conseguirá enfrentar com sucesso uma operação tão séria?” O cirurgião
avisou que havia pouca chance – ou quase nenhuma – de vê-lo novamente com vida.
Mas essa era a opinião do médico, não a do paciente. Antes de entrar na sala,
ele murmurou baixinho:
- não se
preocupe chefe, eu estarei fora daqui em poucos dias.
A enfermeira olhou para mim com pena. Mas o paciente saiu
realmente são e salvo. Depois que tudo acabou o médico disse:
- Ele foi
salvo pelo desejo de viver. Nunca teria sobrevivido se tivesse aceitado a
possibilidade da morte.
Creio na força do desejo apoiado pela fé porque vi esse poder
levar homens de origem muito humilde a posições de poder e riqueza; eu o vi
livrar vítimas das garras da morte; eu o vi servir de meio para que indivíduos
recomeçassem após terem sido derrotados das mais diversas formas; eu o vi dar
ao meu filho uma vida normal, feliz e bem-sucedida, apesar de a natureza ter trazido
ao mundo sem os ouvidos.
Como pode alguém despertar e usar o poder do desejo? A
resposta está neste capítulo e nos capítulos seguintes. Esta mensagem chegou ao
mundo ao fim da mais longa e, talvez, mais devastadora crise econômica que os
Estados Unidos já conheceram. Seria razoável supor que chamasse a atenção
principalmente, daqueles que perderam fortunas, de outros, que ficaram sem
emprego e de muitos que precisaram reorganizar seus planos e recomeçar. A todos
esses, gostaria de transmitir a ideia de que toda realização, qualquer que seja
sua natureza ou objetivo, precisa começar com um desejo ardente e intenso por
algo definitivo.
Por intermédio de algum estranho e poderoso princípio de
“química mental” nunca revelado, a
natureza integra ao impulso de um forte “desejo, aquele “algo mais” que não
reconhece a palavra “impossível” e não aceita o fracasso”.
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